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domingo, 31 de agosto de 2008

ESPECIAL - DROGAS, UMA ESCOLHA IMBECIL!!





Salve queridos amigos

Como já mencionei em posts anteriores, sou universitário e freqüentei diversas universidades públicas e privadas por esse país a fora. Em minha jornada pelo conhecimento pude vivenciar, observar e até mudar positivamente algumas situações que envolviam pessoas de minha convivência.
É notório que a maioria esmagadora dos jovens está inteiramente vinculada às drogas. Muitas vezes a universidade se torna um espaço para a utilização das mesmas, transformando, assim, o espaço de desenvolvimento intelectual e profissional em um imenso local para o deleite da alienação e falência dos órgãos. Irei abordar de forma objetiva alguns aspectos, causas e conseqüências da utilização de drogas lícitas e não lícitas, afinal, as drogas são sempre prejudiciais independente de serem vendidas em estabelecimentos comerciais ou em favelas.

O conceito de Droga:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define droga como qualquer substância, natural ou sintética que, uma vez introduzida no organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções. O termo droga presta-se a várias interpretações, mas para o senso comum é uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo, que pode modificar funções orgânicas, as sensações, o humor e o comportamento. Em sentido restrito, as drogas são substâncias químicas que produzem alterações dos sentidos. 1
A OMS considera a intoxicação química por substâncias psicoativas como uma
doença e classifica a compulsão por drogas como transtornos mentais e comportamentais. 2

A classificação das drogas – veiculada pela Secretaria Nacional Antidrogas
(SENAD) do governo brasileiro:
Drogas que diminuem a atividade mental: são as drogas depressoras. Afetam o cérebro, que funciona de forma mais lenta. Estas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranqüilizantes), álcool, inalantes (“cola de sapateiro”), narcóticos (morfina, heroína).
Drogas que aumentam a atividade mental: são as drogas estimulantes. Afetam o cérebro, que funciona de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, merla, crack.
Drogas que alteram a percepção: são as substâncias alucinógenas. Provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, de forma que ele passa a trabalhar desordenadamente, numa espécie de delírio. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha.3

As drogas são também classificadas, do ponto de vista legal, em lícitas e ilícitas, ou legais e
ilegais. As primeiras são vendidas livremente, como o álcool e o tabaco, enquanto as segundas têm sua comercialização restrita e controlada (tranqüilizantes, morfina, anti depressivos, anorexígenos etc.) ou terminantemente proibida (maconha, cocaína, crack, merla, heroína, ecstasy etc.) estando sujeitos os seus infratores ao rigor da lei. A Oficina Pan-americana de Saúde classifica as drogas em psicoativas, as que alteram ou prejudicam o Sistema Nervoso Central (SNC), e psicotrópicas, as que alteram ou prejudicam o SNC e causam dependência.3

O álcool:
Através de sucessivas pesquisas, as indústrias de bebidas alcoólicas obtiveram a combinação perfeita dos elementos para o sucesso de suas propagandas e venda de seus produtos em massa. Vou destacar os mais importantes: juventude, sexo, poder, relações construídas através do produto consumido, falsa sensação de normalidade, benefícios ao corpo. Atualmente o álcool não é considerado uma droga pelo público que mais consome – os jovens. Nossa juventude está fortemente ligada ao álcool. Sempre tem à hora do chopinho, da cervejinha, uma aulinha pra matar, uma oportunidade para beber. Encontrar um jovem que não partilha desse vício é, infelizmente, raro nos dias de hoje. Muitos acidentes ocorreram e ainda ocorrem por irresponsabilidade do motorista alcoolizado.
Como começa esse hábito de beber e essa falsa normalidade, que é o primeiro passo para o vício? Voltemos no tempo... Quem não conhece pessoas que molhavam a chupeta dos filhos na cerveja ou uísque para evitar que a criança não ficasse com vontade? Anos após muitas dessas crianças seguiram bebendo doses cada vez maiores e, na maioria dos casos, compram bebidas alcoólicas antes da maioridade. Quando os filhos começam a desenvolver problemas decorrentes do alcoolismo os pais logo pensam em que ponto erraram. Ora, foram eles os grandes avalistas dessa problemática: pais tensos, felizes, bebendo e/ou fumando na frente dos filhos, em suas frustrações ou sucessos – certeza de exemplo a ser seguido.
As bebidas alcoólicas são a porta de entrada para o segundo passo, o tabagismo.

O tabagismo:

Com influência dos pais que acontece dentro de casa, dos colegas, das personalidades famosas, da televisão e de outros veículos os jovens dão o segundo passo ao vício e entram na “alçada” das indústrias tabagistas e na faixa de dificuldade extrema de findar esse novo vício. Ao consumirem cigarros, cigarrilhas e similares nossos jovens introduzem em suas células mais de 4.700 substâncias cancerígenas ou carcinogênicas (promovem a disfunção eletromagnética das células - originando o câncer) exaurindo sua saúde a troco de nada, gastando dinheiro e partilhando uma pseudo-felicidade.
As outras drogas, classificadas em drogas ilícitas (como cocaína, crack, êxtase, entre outras), são facilmente introduzidas pelas portas abertas pelo tabagismo e álcool.
Então, caros amigos, além de todos os prejuízos que já conhecemos citados ou não acima, vou falar daqueles que pouca gente sabe – os prejuízos espirituais de quem usa drogas lícitas e não lícitas.

Danos espirituais: 4

No Perispírito: Liberação do subconsciente, com lembranças distorcidas do passado; a fixação do vício resultará em danos nas estruturas sutis, pelo que, nas próximas reencarnações (ou renascimentos) a pessoa nascerá com problemas inatos (provenientes dos danos espirituais causados por ela mesma ao seu próprio espírito).
Processo de Vampirização: Junto a fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas sorvem as baforadas de fumo arremessadas no ar, ainda aquecidas pelos pulmões que as expulsavam; outras aspiram ao hálito de alcoólatras impertinentes.
Destruição da defesa espiritual: Todos nós temos corpo e espírito. Essa união confere o status de espírito encarnado. Nós possuímos em nossa aura um campo espiritual de defesa, como uma couraça vibratória, espécie de carapaça fluídica. Através do tabagismo e de outras drogas nossa defesa, nossa couraça vibratória se rompe, formando buracos, por onde penetram energias ruins que causam todo tipo de desarmonias e que podem levar ao câncer que é resultado da desarmonia eletromagnética das células.

Razões do uso de drogas: 4
Cada pessoa tem seus próprios motivos. Os principais são os seguintes:
a) A oportunidade surgiu e o indivíduo experimentou.
b) O uso pode ser visto como algo excitante e ousado.
c) Elas podem modificar sensações e percepções. Este poder de transformação das emoções pode tornar-se um grande atrativo, sobretudo para os jovens.
d) Pressão do grupo: influência de colegas e amigos.
e) Tentativa de amenizar sentimentos de solidão, de inadequação, de baixa estima
ou falta de confiança.
f) Desajustes familiares e deficiência na formação ético-moral.

O que diz Allan Kardec sobre as tendências que marcam a personalidade do ser humano:
Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida [...]; se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações. 5

Com a diversidade de atividades que dispomos atualmente optar pelas drogas é assinar um atestado de infelicidade. Juventude nada tem a ver com drogas. Não entendo a insistência em rotular, em criar esse sinônimo de que um jovem feliz é aquele que usa drogas, que para estar inserido na sociedade, nós jovens, temos que consumir cervejas, uísques, martinis, entrar nessa guerra de marcas e de vícios para amanhã espancar a família, ser pais ausentes, infelizes e fundadores de lares doentes e deturpados.

Como a orientação da família pode evitar o contato com as drogas?
A orientação familiar que valoriza a educação moral, educação «[...] que consiste
na arte de formar os caracteres [...]»6 previne muitos males, criando obstáculos à curiosidade, tão comum nos jovens, de experimentar substâncias psicoativas. Da mesma forma, o adulto que edificou o caráter em bases sólidas, da moral e da ética, dificilmente faz uso de drogas, ainda que se encontre sob o peso das provações e dos testemunhos. Isto nos faz recordar Emmanuel que nos exorta coragem perante as tentações que nos assaltam a existência: «Vigiai na luta comum. Permanecei firmes na fé, ante a tempestade. Portai-vos varonilmente em todos os lances difíceis. Sede fortes na dor, para guardar-lhe a lição de luz.» 7

Se você está em uma situação de envolvimento com drogas, independente de qual seja, procure ajuda de profissionais especializados como médicos, psicólogos, clínicas de tratamento, os próprios pais ajudam muito e não deixe de ler as obras esclarecedoras de Allan Kardec, as obras de André Luiz psicografadas por Chico Xavier e alguns outros títulos indicados pela Federação Espírita Brasileira.

Afinal, não adianta tratar somente o corpo sem dar ao espírito o conhecimento e as bases para uma vida cada vez melhor.

GALERA: DROGAS, NÃOOOOO! JUVENTUDE - NOSSO MAIOR TESOURO. SER SAUDÁVEL NÃO É SER OTÁRIO, É VIVER COM SABEDORIA! NÓS SEREMOS O PRESENTE DE AMANHÃ.

Abraços fraternos a todos!

REFERÊNCIAS
1. WIKIPÉDIA - a enciclopédia livre: http://pt.wikipedia.org
2. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Programa de prevenção às drogas e
HIV/AIDS. Escritório contra drogas e crimes (UNODC):
http://www.unodc.org/brazil/pt/campanha_drogas_2007.html
3. MINISTÉRIO DA SAÚDE- Biblioteca virtual: www.saude.gov.br
4. Campanha anti-drogas da Federação Espírita do Brasil.
5. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 5, item 11, p.114.
6. ______. O livro dos espíritos. 91. ed, Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 685-a,
comentário, p. 371.
7. XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 90 (Varonilmente), p. 233.

4 comentários:

Anônimo disse...

drogas.... ilegais ou legais, que diferença faz! de qualquer forma é possivel obeter las, triste realidade não? Mas pq continuamos usando, talvez pq somos borbardiados diariamente por propagandas na tv, radio, cartazes. Mentiras? Somos jovens, somos capazes de realizar qualquer coisa, qualquer objetivo temos potencial. Aquela modelo esuberante ou aquele cara que consegue aquela gatinha, encorajador! Quem nunca se imaginou? Meu ponto é..sensação de liberdade, acreditar que é possivel ao menos por minutos sentir se livre... livre, liberdade.... deixar rolar, que se foda o mundo... que se foda iphones... que se foda se ela disser não... por minutos a sensação de euforia me faz sentir bem, prazer numa tragada de um cigarro cervejinha num bar com os amigos livre, pq ali vc se sente feliz é oq vc pode ter, completo nada lhe faz falta. Quem não gostaria de sentir isso lendo um livro? Como eu gostaria de apagar a dor, solidão, duvidas com um livro.... desligar das procupaçaõs sentir o coração pulsar o sangue nas veias, sentir livre para ser oq quiser ou como as vezes me sentir livre, não pensar em nada desecupar a mente apenas....

Anônimo disse...

ps: gostaria de comentarios, obrigado

Gustavo R. disse...

A primavera ainda não havia chegado, realmente.
Apresentara-se no calendário, e por isso mesmo, Paris, naquele mês de Abril de 1867, estava vestida de névoa e de temperatura baixa.
Fora uma noite mal dormida.
Allan Kardec levantara-se muito cedo, e tomado de graves preocupações, chegara à janela, de onde podia ver a passagem Sainte-Anne, no pequeno apartamento em que ele morava, ao primeiro andar.
Dali, ele ficou reflexionando, em torno das problemáticas da vida.
Fazia dez (10) anos, ele houvera publicado “ O Livro dos Espíritos “.
Muitas vicissitudes foram experimentadas.
Ele tivera momentos de alegria insopitáveis, porque vira a mensagem crescer.
Mas também, experimentara os testemunhos dolorosos, da incompreensão humana.
Diatribes haviam sido escritas, contra ele, nos periódicos públicos.
Ele tivera oportunidade de verter lágrimas, na Sociedade Espírita de Paris, que ele fundara, em 1858. As suas melhores instruções, eram mal interpretadas pelos seus amigos, e alguns, a quem ele estimava em particular, aproveitavam-lhe da ausência, para entretecerem considerações negativas.
A maledicência, gerava calúnias bem urdidas, a ponto de formarem a meia voz, que ele vivia a expensa das obras espíritas, que afinal, eram publicadas com o seu próprio dinheiro.
Por isso que, naquela manhã de 18 de Abril de 1867, ele acordara deprimido, e interrogava-se : - “ Valeria a pena, sacrificar-se no ideal de Humanidade, pelas pessoas que preferiam continuar na ignorância ?! Valeria o sacrifício dos seus ideais, para aquêles que, afinal, não se interessavam por mudar o “statu quo” ?!”
Abriu a janela.
Um vento leve ergueu as “ pernas brancas” das cortinas, e ele recebeu aquela ducha fria, tendo lágrimas na “comporta” dos olhos, que não chegavam a descer.
A suave Gabrielle – a doce Gabi – sua esposa, percebendo-lhe a melancolia, não lhe havia dito nada.
Mas, ela sabia, que ele tinha uma preferência especial pela correspondência, que normalmente, se amontoava sobre a sua mesa de carvalho, com pés de tortilhões.
À véspera, o correio havia trazido, não só a correspondência, mas um embrulho muito peculiar. Em papel de seda cor-de-rosa, debruado de branco, estava uma dedicatória, numa caligrafia muito bonita.
Era dedicada a “le professeur” Rivail.
Madame Allan Kardec, pegou aquele volume e , para arrancá-lo da melancolia, entregou-lho nas mãos.
O codificador olhou, com certa indiferença.
Era um dos momentos de ensimesmamento, em que ele preferia a amargura, a qualquer motivação, para o mundo exterior.
Mas, automaticamente, ele abriu o volume.
E ao abri-lo, teve uma surpresa.
Tratava-se de “O Livro dos Espíritos”, encadernado em percalina e as letras debruadas à ouro. O trabalho era de um bom encadernador.
Por ser um homem sensível a beleza e a arte, ele olhou o trabalho e teve, naturalmente, um leve sorriso de canto de lábios.
E notou que, dentro dele, ao lado da capa, estava uma carta.
Abriu-a.
Automaticamente, leu-a... e comoveu-se !
“Senhor Allan Kardec”- dizia a carta - “ o Senhor não me conhece, mas eu tenho imensa satisfação de conhecê-lo.
Eu nada mais sou do que uma pessoa anônima, na multidão, entre aqueles milhares que o amam, que o respeitam, e que devotam ao Senhor, um culto de profunda gratidão.
Deixe-me contar-lhe a minha história.
Eu era um jovem que veio do interior, tentar a vida em Paris.
Dedicava-me ao serviço modesto de tipografia.
Chegando a “ Cidade Luz”, consegui trabalhar como tipógrafo de uma grande empresa, e logo depois, tive a rara felicidade de encontrar aquela, que seria o deslanchar da minha vida, na busca da plenitude.
Antoinette Marie, era uma jovem encantadora !
Os seus olhos transparentes, iluminaram a noite da minha solidão.
E amei-a, com este arrebatamento juvenil, que conclama os indivíduos a entrega total.
Casamo-nos, e fomos infinitamente felizes !
No inverno passado porém, ela foi acometida da peste branca, a tuberculose pulmonar.
Nós residíamos numa água-furtada, na parte superior de um prédio muito modesto, na Rive Gauche.
Não dispunha de recursos para pagar aluguéis, e como o inverno foi muito rigoroso, a nossa lareira estava, invariavelmente, apagada.
A febre devorava-lhe o organismo frágil e, periodicamente, quando ela tossia, as rosas vermelhas de sangue, espocavam-lhe pelos lábios, em terríveis hemoptises.
Em noites tormentosas, arrancávamos as tábuas do piso, para aquecer o nosso ambiente úmido e gelado.
E já no fim do inverno, em uma noite inesquecível de desgraça, ela não suportou, e veio a falecer.
Enterramo-la em uma cova rasa, no Cemitério de Montmartre, na parte final, onde estão, praticamente, os espoliados.
A vida para mim, senhor Allan Kardec, perdeu completamente o sentido.
O que é que, agora, eu podia fazer ? !
Estava na viuvez, em plena juventude, e não havia fruído do amor.
Antoinette Marie, era o anjo da minha vida !
Uma tristeza imensa tomou conta da minha vida, e eu me entreguei a depressão.
Comecei a faltar ao trabalho, fui repreendido, mais de uma vez .
Mas eu não tinha motivação para trabalhar, para quê ? !
Quando, então, fui despedido.
Agora, juntavam-se o meu desencanto, a ruína financeira, a desmotivação para viver.
E numa noite tormentosa, faz poucos meses, eu me aproximei da ponte Marie, olhei as águas geladas do rio e disse : - “ É tão fácil morrer ! Qual é o sentido da vida, quando nos podemos despojar desse fardo pesado, de matéria que nos desgraça ? Se por acaso houver vida, depois da vida, Antoinette Marie, me esperará na duana da imortalidade. E se não houver, ambos desapareceremos no caos, no aniquilamento, no nada.
Foi então, que contemplando as águas do Sena, eu me preparei para saltar.
Eu não sabia nadar. Era um lugar muito fundo. Eu morreria, imediatamente !
Coloquei as mãos na amurada, junto ao lampião de bico-de-gás, e quando ia saltar, uma coisa escorregou, úmida, caiu ao solo, e eu olhei : - Era um livro ! Esse livro que eu estou encaminhando ao senhor.
Por uma curiosidade mórbida, eu, que queria morrer, abri o livro casualmente.
E abri, numa questão que me fez tremer: - “Que acontece, com aqueles que tem morte violenta ? “
E os seres espirituais redargüiam : - “ Perturbam-se ! Essa perturbação, pode ser de horas, dias, semanas, meses e até séculos “.
Eu já havia lido as obras de Offenbach. Já havia lido as obras de Edgard Allan Poe, os contos dos Irmãos Grimm. Conhecia a história trágica das grandes manifestações do sofrimento, do averno na miséria, mas isto me impactou .
Então, eu continuei a ler o livro e esqueci-me da meta do meu aniquilamento.
Corri para casa, e li-o de um fôlego, de um gole, como alguém que estava esfaimado e tinha necessidade de vida e, quando eu terminei, mudei completamente a minha forma de pensar.
Esse livro trouxe-me, a felicidade !
Voltei ao trabalho ! Recuperei a minha vida !
Adquiri a certeza de que a morte não é o fim. É a porta que se nos abre, na direção da imortalidade.
Mudei completamente, a trajetória da minha vida, e embora não possa desfrutar das carícias de Antoinette Marie, eu sinto que ela me acompanha e me inspira.
Então, eu tive uma idéia: - Agradecer ao senhor ! Beijar as mãos, que escreveram este livro !
Certamente, muitas dores hão dilacerado o seu coração.
É muito provável, que a ingratidão dos impérvios e dos maus, haja lhe assinalado a existência preciosa.
Mas, eu gostaria que o senhor soubesse, que se há muita ingratidão no mundo, também existem aqueles que são reconhecidos.
Permita-me beijar-lhe as mãos e dizer-lhe, senhor Allan Kardec: - “ Deus o abençõe !
Muito Obrigado ! “
E assinava .
Allan Kardec, enxugou uma lágrima.
Abriu agora o livro e na primeira página, depois da contra-capa, estava escrito :
- “ Este livro salvou a minha vida “- Lorran.
E logo abaixo : - “ Salvou a minha vida, também “. – Levan.

Quem sabe esse mesmo livro não promova alguma mudança em sua vida? Você não tem nada a perder, então, não custa tentar.
Caso sinta necessidade de conversar com alguém, procure a FEB em seu estado, na sua cidade. Procure aqui: www.febnet.org.br Eles realizam um atendimento para todas as pessoas, indistintamente, que é gratuito. Nesse antendimento você pode conversar e falar de todos os seus problemas (vazio, solidão, falta de alguma coisa, necessidade de ser livre e qualquer outra coisa que desejar falar). A única coisa de que você precisa é ir até a FEB.
Espero ter ajudado.
Um abraço

Gustavo R. disse...

Caso interesse, estou postando aqui a continuação do texto acima, que foi uma palestra chamada "A Calhandra" proferida por Divaldo Perreira Franco em 2007.

"Allan Kardec pegou o livro, colocou-o sobre o braço, sentou-se à mesa, e trabalhou, infatigavelmente, até o dia 31 de Março, dois anos depois, quando veio a desencarnar.
Nunca mais teve desencanto, nem cansaço, nem amargura, porque a obra da Doutrina Espírita, é uma obra de redenção da Humanidade.
Ele escreveria, talvez, nesta mesma manhã, de 1867 : - “ Escrevo esta nota, dez (10) anos depois de publicado “ O Livro dos Espíritos”.
O quanto de amargura eu tenho experimentado, não posso dizê-lo !
As pessoas mais queridas esbordoam-me a face, quando eu não estou presente.
Mas, tudo isto, O Espírito de Verdade me havia anunciado.
O que o Espírito de Verdade não me anunciou, foram as alegrias, que eu iria experimentar.
Ele disse, que eu passaria pelo carreiro da humilhação e das dificuldades.
Mas hoje, ao ver a Doutrina crescer, eu tenho túmido o peito de alegria, e os olhos beijados de lágrimas. Porque naquelas horas difíceis, eu me elevava acima da humanidade, e orava. E de lá, eu poderia ver o futuro que estava reservado aos corações que iam conhecer o Espiritismo.
E nestes momentos de grande exaltação e de glória, que o Espírito de Verdade não me anunciou, eu podia ter dimensão da finalidade grandiosa, dessa Doutrina Cristã, libertando as criaturas humanas.”
Passaram-se 127 anos, daquela manhã de Abril, no dia 18 de 1867, quando o inesquecível codificador da Doutrina, deu o seu primeiro grande balanço de lágrimas, a respeito da obra realizada.
Ele acreditava, que a obra material estava concluída, mas em verdade, um ano depois, ele publicaria a maravilhosa obra de ciência básica, que era o livro “ A Gênese”, em 1868.
E quando veio a desencarnar, estava coletando material para um novo livro, que seria enfeixado, mais tarde, por Leymarie e Madame Allan Kardec, nas “Obras Póstumas “.
Ele havia sentido, integralmente, o significado da Doutrina Espírita.
Ele se havia dado conta, que o Espiritismo é um festival de bênçãos para a alma, não é um clube recreativo, para os corpos.
Ele havia penetrado no sentido apostólico da mensagem cristã, quando homens admiráveis como Eusébio, Próculos, Porfírio e outros, haviam reflexionado e valorizado, que o melhor caminho para a liberdade era a morte, através do holocausto.
Era dando a vida que se a ganha, e é perdendo que se a tem !
Quando Inácio de Antioquia, partiu da África algemado, e se dirigia à Roma, para o ministério do circo, os amigos, por ser ele um homem de alta responsabilidade social e venerando pela idade, achegaram-se-lhe e lhe disseram : - “ Nós vamos pedir à César, um salvo conduto para ti.”
E ele perguntou : - “ Porque para mim ? ! Serei, por acaso, melhor do que aqueles que, diariamente, são jogados à arena ? ! Porque a liberdade do corpo, se eu continuarei algemado às amarras materiais ? !
Eu sou Trigo de Deus, e desejo que os dentes das feras me triturem, até que eu me transforme em Pão da Vida.
É necessário experimentar o martírio, para poder me tornar, realmente, o Pão de Vida Eterna “.
E marchou, na direção de Roma.
Quando saltou no porto de Óstia, e veio a cidade eterna pela Via Ápia antica, ele experimentava uma alegria infinda, entre os ciprestes, e ao chegar ao topo da montanha, donde via Roma deitada em sete montes, que a tornaram, por isso, a cidade eterna, ele começou a rir, e o soldado esbordoou-lhe a cara e lhe disse : - “ Miserável, tu vais morrer hoje à tarde, como te atreves a sorrir ?! De que sorris ?! “
-“Sorrio de felicidade, ao compreender a glória do meu Senhor, que para vós, que sois prostitutos e vulgares, venazes, indignos, Ele oferece uma cidade tão bela, que não oferecerá para nós, que lhe somos fiéis.
Que não terá reservado, para aqueles que se lhe vão entregar, em regime de totalidade, a vida em holocausto. “
E continuou a sorrir.
Jogado na prisão Mamertina, perto do Coliseu, quando os imensos portões se abriram e cem (100) mil espectadores começaram a gritar, desalgemaram-no, e com um pequeno magote de pessoas infelizes e andrajosas, foram empurrados com lanças, até o centro da arena.
Abriram os portões, e leões da Dalmácia, feras da Núbia esfaimadas, que tiveram o apetite açulado por pedaços de carne animal ensangüentada, avançaram, e começaram a estraçalhar aqueles corpos que fremiam, nas garras e nos dentes afiados, enquanto Roma delirava.
Inácio ajoelhou-se, e aguardou o seu momento de holocausto.
Mas, infelizmente, foi poupado.
Ele disse : - “ Como ?!
Não mereço a honra de morrer por fidelidade à Jesus ?!
Eu sei que é o sangue dos mártires, que faz o adubo da semente evangélica. “
Então apareceu-lhe um Ser Espiritual, e lhe disse : - “ Inácio, morrer em um minuto é muito fácil ! Nota, os teus irmãos todos, já se libertaram.
Tu não mereces uma morte tão rápida !
Morrerás lentamente !
Tu viverás, para dares o testemunho !
Morrer em um minuto, é muito fácil ! Basta, até, o desejo da paixão, a necessidade da afirmação da coragem !
Mas morrer diariamente, pela ingratidão das pessoas queridas ; ser acicatado pelo opróbrio e acusado por crimes que se não praticaram ; ter que silenciar quando tudo nos chama para defesa ; ter que calar, diante da acrimônia e da perversidade, este é o sacrifício que somente os muito fortes merecem.
E é este sacrifício, que o Senhor te reserva !
Tu viverás, para que os teus amigos digam que tu fizeste apostasia. Para que eles asseverem, que tu traíste a palavra de Jesus.
Tu viverás, para que a igreja nascente, se apóie sob os teus ombros resignados.”
E Inácio de Antioquia, sobreviveu .
Os companheiros disseram : - “ Ele escapou, porque, naturalmente, homenageou à César e fez oferenda à Zeus ! Ele escapou, porque deve ter feito uma negociata com o Imperador, porque ninguém escapa, dos dentes afiados das feras. “
E Inácio sorria, e tornou-se o ponto de equilíbrio da Igreja do Oriente, que lutava contra a Igreja do Ocidente, por nonadas.
As vaidades humanas, as presunções, os debates do rigorismo, da hipocrisia, da projeção do eu, em detrimento da causa do Cristo.
Que lutavam, a Igreja de Antioquia, contra a Igreja de Corinto ; a Igreja de Jerusalém, contra a Igreja de Roma.
As casas lutavam entre si, esquecidas da causa, que deveria albergar-se, em todas as casas.
Porque é do nosso ego, a minha casa, o meu filho, a minha mulher, o meu marido, os meus bens, como se nada ou ninguém pertencesse à outrem.
Somos usuários, não somos proprietários nem da vida, que nos é dada, e que nos é retirada, através da existência corporal.
Por isso, a Doutrina Espírita se fundamentou, essencialmente, em o Evangelho de Jesus, para poder despertar a mole da sociedade que dorme, sem nenhuma tendência ao sadomasoquismo, sem nenhuma preferência pelo sacrifício exterior, mas na grande opção, da iluminação íntima.
Muitas vezes, em nossos arraiais, estamos preocupados em converter as criaturas ao Espiritismo, e descuidados da nossa própria conversão.
Gostaríamos que nossas casas estivessem repletas, e que a nossa mensagem fosse majoritária no mundo.
Para quê ? !
Existem tantas mensagens maravilhosas, majoritárias.
Gandhi teve ocasião de dizer : -“ Os cristãos, lêem toda a Bíblia, que lhes não basta.
A mim, me bastaram doze (12) versículos do Sermão da Montanha – Mateus, Nº cinco (5) – um (1) à doze (12) .
Eu li apenas doze linhas, e isto me bastou.
E os cristãos lutam, debatem, brigam, pela interpretação de setenta e dois (72) livros, que constituem a sua obra, mas que nunca entraram na sua alma .”
Então o Espiritismo veio, para implantar uma nova ordem social.
E Allan Kardec o disse, com uma propriedade e beleza, quando ele estudou os seis (06) períodos da humanidade, depois do Espiritismo.
O primeiro (1º) período, foi o período das comunicações frívolas, que ele denominou, Período de Curiosidade, em que as pessoas recorriam à mesa, para receber informações em torno do matrimônio, do emprego, da vida afetiva... as trivialidades.
Mas, logo depois, saíram daquelas trivialidades informações, e foi chamado Período Filosófico, em que a Doutrina se apresentou através de “ O Livro dos Espíritos”, trazendo uma filosofia comportamental.
E logo depois, foi o Período de Luta, foi o Período de Barcelona, do Auto-de-Fé, em que as doutrinas ortodoxas e a ciência arbitrária, levantaram-se contra o Espiritismo, para profligar contra os seus conteúdos, e os espíritas passamos a ser anatematizados.
O quarto (4º) Período, foi o Período Religioso.
A presença evangélica ardeu nas nossas almas, e o culto interno à Cristo, à Deus, e à Vida, fez que nós erguêssemos um altar ao nosso sacrifício.
O quinto (5º) Período, disse ele, será o de Transição.
Na época, virá o nome próprio.
É o período que nós estamos atravessando.
Período de transição, de queda de valores humanos, ausência de parâmetros.
O que é que nós podemos dizer aos nossos filhos, hoje, que é certo e que é errado ?!
Qual é a nossa linha comportamental para educar, diante da decadência da ética, e da queda das instituições, da ausência da família, do despautério do matrimônio, dos valores sociais ?!
Temos que aguardar que nasça uma nova ética.
Temos que, agora, fazer a valorização daquilo que é certo e correto, e daquilo que é negativo e injusto, para passarmos às gerações que virão.
Quantas vezes nós próprios, estamos em conflito !
O que será proceder bem, quando os administradores, que estabelecem as leis, são exemplos vivos dos maus exemplos !
Como teremos o sentido ético, no comportamento sexual, quando o sexo, passou a ser instrumento de prazer imediato, em qualquer período da vida !
Como falarmos de renúncia, diante da abastança !
Como considerarmos a humildade, no momento da egolatria !
Como falármos de pobreza, de despojar, nesta hora de negociatas e de tantos valores anárquicos !
É um Período de Transição !
Mas logo depois, será o Período da Renovação Social, em que o Espiritismo, através de nós, modificará a sociedade pela nossa transformação pessoal.
Gandhi, dizia : - “ É inútil que se estabeleçam leis, de fora para dentro, e que os legisladores programem o comportamento dos outros, através de decretos.
A paz advirá, quando uma pessoa tranqüila, dentro de casa, conseguir a harmonia doméstica.
Uma casa tranqüilizada, imediatamente, sensibilizará os seus vizinhos.
Uma vizinhança harmônica, equilibrará uma rua.
Uma rua onde viceja a paz, é base de comportamento para uma comunidade.
Em uma comunidade, onde haja respeito recíproco e considerações justas, se candidatará a ser exemplo, de uma cidade de progresso.
E num país, onde apenas uma cidade esteja em equilíbrio, teremos a presença da organização da paz, e a paz se alastrará no mundo inteiro.
Foi exatamente o que ele fez !
Ele viveu este enunciado.
E no ashram, na morada onde ele vivia, quando a sua esposa chegou um dia amargurada e lhe disse : - “ Imagine, eu fui convocada para lavar as latrinas dos párias e eu disse, eu sou a mulher de Gandhi ! “
Ele redargüiu tranqüilo : - “ Por seres a minha mulher, é que tu deverias lavar! Mas como tu não podes, irei lavar eu, porque é isto que eu ensino aos meus irmãos.
Tu te referes aos párias ! Qual é a diferença entre eles e nós ?!
Somente porque a sua sombra, caindo sobre nós, nos torna pestosos ?!”
E foi lavar as latrinas dos párias.
Na hora em que essa Doutrina nos iluminar de dentro para fora, e nós consideremos que o Espiritismo é bom para nós, e não para os outros, ter-nos-emos entregado totalmente, ao espírito do Espiritismo.
Porque, por enquanto, ele só é muito bom, para nós vermos os erros dos outros ; para nós apontarmos as debilidades dos outros e para, utilizando da linguagem doutrinária, justificármos os nossos decessos e as nossas próprias dificuldades, com grandes exceções.
Mas a finalidade da doutrina, é reverter a ordem social.
Mas, certamente, vai demorar muito.
Não existe dimensão de tempo.
Não é importante, o período que paz.
É importante, a claridade que esteja iluminando a terra.
Gandhi também diz : - “ Se um único homem atingir a mais elevada qualidade de amor, isto será suficiente, para neutralizar o ódio de milhões .”
Ele atingiu este amor excelente.
Foi assassinado, e salvou oitocentos (800) milhões de indianos, do tacão do Império Britânico.
Martin Luther King Júnior, o negro, foi assassinado por um fanático, e libertou cerca de oitenta (80) milhões de negros americanos, que passaram a ter direito ao sol, a igualdade dos direitos sociais, e assim na história inteira da humanidade.
Mas nós perguntamos : - “ Eu sou tão insignificante ! O que é que eu posso fazer ?!
Eu sou tão necessitado, que tenho para dar ?! “
Conta-se...que ela era uma menina, de caráter muito especial, e que cultivava o violino.
Chamava-se, Elizabeth Gladich, e ela própria escreveria mais tarde, na sua auto-biografia.
-“ Quando eu contava cinco anos de idade, meu pai era diretor de orquestra, e viajava normalmente, com personalidades do teatro, por diversas cidades dos Estados Unidos.
Eu morava numa pequena cidade, bem no interior, e ia ser apresentada, em uma atividade da tarde, em uma récita, que era a minha primeira experiência pública de violino.
Então, mamãe mandou fazer convites, enquanto papai acompanhava uma mulher notável, que era considerada a deusa do bel-canto: - Madame Schumann-Heink !
Madame Schumann-Heink, foi o maior contralto que a humanidade jamais teve.
Austríaca de Viena, era uma mulher baixa, atarracada, de busto muito desenvolvido, mas uma voz divina, que curvava a cabeça veneranda de reis, cobrando cachês, os mais altos que a música jamais contemplou.
E papai era o seu agente.
Quando ele soube que eu ia apresentar, ele fez um telegrama : - “ Prepare-se, Elizabeth, que eu irei à sua récita, levando comigo madame.”
Ela era chamada, carinhosamente, de madame.
E eu fiquei logo nervosa ! Ter no meu auditório, madame !
Como é que eu iria tocar violino, diante de madame ?!
Chegou o dia da récita.
Era uma tarde de calor,o teatrozinho da nossa cidade comunitária, do interior dos Estados Unidos, e quando o pano de boca se abriu, eu era a primeira.
Eu olhei lá em cima, na frisa, estava madame.
Madame, tomava conta, praticamente, de duas cadeiras.
O vestido de veludo pesado, os cabelos que agora alvejavam, com um diadema de rubis que brilhavam, no claro-escuro da tarde.
Eu me senti emocionada, e não sei porquê, me deu vontade de prestar uma reverência à madame.
O maestro não entendeu, pensou que era o sinal, e começou a tocar.
E foi um desastre !
Eu, fui correndo com o violino atrás da orquestra ; a orquestra saiu correndo atrás de mim, e quando nós acabamos, apenas a minha família bateu palmas.
Eu corri para o camarim, e de longe, acompanhei o êxito dos meus colegas.
Havia sido um rotundo fracasso !
Eu chorei desesperadamente !
Então, neste momento, abriu-se a porta do camarim, e apareceu madame com papai.
Eu me joguei nos braços de papai e disse : -“ O senhor nunca mais terá vergonha de mim, porque eu nunca mais tocarei violino. Eu sou um fracasso ! “
Madame me abraçou sorrindo e disse à papai : - “ Gladich, já que a menina abandonou a arte, vamos levá-la amanhã, para me acompanhar durante a tournée ! “
Eu estava sendo homenageada, porque havia abandonado o violino.
Papai, que a respeitava muito, meneou a cabeça afirmativamente.
E no dia seguinte, pela alva, no seu automóvel coupée aberto, eu estava ao lado de madame, enquanto papai dirigia e os dois trauteavam uma sonata.
Três dias depois, dormimos num hotel de estrada, e muito cedo, eu escutei alguém, batendo à porta do meu quarto.
Saí, com o pijama de veludo, e quando abri, era madame.
Madame estava com um traje de cavalheiro. Um lenço que lhe escorria pelo pescoço, uma boina, a sua bengala de cação de prata, e ela disse : - “ Elizabeth, as crianças devem deitar com os galos e acordar com as galinhas. Já são cinco (5) horas ! Vista-se e vamos caminhar.”
Eu vesti-me apressadamente. Era uma honra estar com madame.
Ela me deu a mão e saímos pela estrada, enquanto a madrugada se adornava de dia.
Subitamente, ouvimos uma voz divina que cantava num chorão.
Madame me deu o sinal, para que fizesse silêncio.
Pé ante pé, chegamos sob a copa imensa da árvore, e lá em cima, nós vimos uma ave pequenina marrom, que saltitava e que chilreava.
Madame olhou-a, olhou para mim.
E quando a ave começou a cantar, madame prendeu a respiração e cantou também.
A ave cantava, e madame imitava.
Daí a pouco, era um dueto.
Cantava madame, chilreava a ave.
A ave cantava, e madame imitava .
Até que a ave, deu uma gargalhada de prata, como cristais que se quebrassem na rocha.
Voou... e madame deu um aguuudo... e pegando a minha mão, disse : - “ Elizabeth, você viu aquela ave ?!
É a Calhandra, o Rouxinol !
Você conhece a lenda da Calhandra ?! “
-“Não, madame ! “
“Eu vou contá-la ! “
Saímos andando e madame disse : - “ Foi depois que Deus construiu o mundo.
No sétimo dia, quando Ele estava descansando, Ele disse : - “ Eu vou ver como é que está a minha obra !”
Olhou o sol ; olhou os astros ; olhou os rios ; olhou as montanhas ; olhou os animais, e foi olhar o homem.
O homem estava dobrado sobre um ancinho e trabalhava a terra. Tirava o suor, e falava uma praga.
Era um dia muito quente.
Então Deus disse : - “ Em que errei ! Há tanta beleza no universo que Eu criei, porque só o homem é triste ?!”
O homem trabalhava, e ao tirar o suor, praguejava.
Então, Deus ficou muito triste com o homem.
Sentou-se à borda de um riacho, pegou um pouco de barro, e começou a movê-lo automaticamente, enquanto pensava.
E moveu, moveu... enquanto o homem reclamava, até que, olhando, Ele viu que havia modelado uma ave pequenina.
Ele abriu-lhe o bico, soprou-lhe o hálito da vida e disse-lhe: - “ Tu serás a Calhandra!
Tu serás o Rouxinol ! Vai Calhandra e canta, para que o homem seja feliz ! Onde quer que tu cantes, não haverá tristeza ! “
E jogou-a no ar.
Então a Calhandra movimentou as asas, e cantou !
O homem parou, olhou-a.
Ela deu uma gargalhada de luz, pousou numa árvore, e começou a cantar.
O homem debruçou-se, sorriu, e logo depois, assoviando, enquanto a ave cantava, ele trabalhava, no ritmo da melodia da sua voz.
E a partir dali, nunca mais, quando o homem ouve a Calhandra cantar, ele tem qualquer praga ou infelicidade.
Entendeste, Elizabeth !
Pois olha, todos nós somos Calhandras da vida.
A mim Deus disse : - “ Vai, Ernestine Schumann-Heink, e canta !
A ti Ele disse : - Vai e toca !
À outro Ele há de ter dito : - Vai e faze !
À outrem : - Vai e sorri !
Todos somos Calhandras de Deus no mundo. Entendeste ?! “
-“Madame, eu quero voltar a tocar violino !”
Daquele dia, eu voltei para minha casa.
Madame desapareceu !
Vinte (20) anos depois, eu sou uma das dez (10) maiores violinistas da humanidade, ao lado de Sascha Heifetz, Yehudi Menuhin, e de outros.
Eu me permito cobrar um cachê de cem (100) mil dólares, por uma récita apenas.
Pego o jornal de Nova York, e lá está anunciado, em Carnegie Hall, madame irá apresentar uma récita.
Madame é uma mulher respeitável de sessenta e cinco (65) anos.
Os bilhetes esgotaram-se no primeiro dia.
Mas eu, por ser uma grande atriz e uma grande violinista, não tive dificuldade de encontrar, em uma frisa de fronte do palco, lugar especial.
Madame apareceu.
Estava vestida de veludo verde, os cabelos alvos, com uma tiara de diamantes e esmeraldas.
Ela ia fazer um pot-pourri .
Madame prendeu a respiração no primeiro ato e cantou, as mais belas árias do contralto do mundo .
Nova York ali delirou !
No segundo ato, madame arrebatou o auditório.
No terceiro, ela ia cantar a “Ária da Loucura”, de “ Carmen”, de Bizet.
É uma ária de desafio, em que a voz se alteia a duas oitavas, e depois, cai num pianíssimo. É um desafio para jovens.
O teatro prendeu a respiração e madame começou a levantar a voz, a levantar... e a voz falhou !
Ela não teve dúvida ; curvou-se, e disse ao auditório: - “ Este é o meu canto de cisne!
Schumann-Heink, morreu ! Schumann-Heink, morreu !
Não cantarei nunca mais ! “
Ela foi ovacionada sessenta (60) vezes.
O teatro esvaziou-se, mas eu, sendo artista, eu sabia o que aquilo significava para madame.
Tirei os sapatos e fui até o camarim.
A porta do camarim da estrela estava iluminada.
Eu empurrei, madame estava dobrada sobre a mesa, diante do espelho veneziano ovalado, e chorava sozinha, porque todo o público foi embora.
Eu me sentei ao lado, coloquei a cabeça na sua perna gorda e ela disse : - “ Minha filha, o espetáculo já acabou ! “
“- Não, madame, ainda não acabou !
É verdade que madame, não vai cantar nunca mais ?!”
“- Nunca mais, minha filha ! “
“- Oh, madame, e a Calhandra de Deus ?!”
“- Elizabeth, eu tenho acompanhado a sua ascensão de estrela, minha filha !”
“- Madame, e a Calhandra ?! A Calhandra não pode parar !
A humanidade necessita da voz da Calhandra.
Vai, Elizabeth, e toca !
Vai, Schumann-Heink, e canta !
Madame, e a Calhandra ?!
Se madame não quer mais cantar em Covent Garden, no Scala, em Carnegie Hall, vá cantar para aqueles que não podem pagar .
Vá cantar para o esforço de guerra da Coréia ; para os trabalhadores das fábricas e armas em Detroit ; para os negros.
Cante nas ruas ! Cante, madame !”
Ela levantou-se, correu ao telefone, ligou para o “New Yok Times”, e disse : - “ Schumann-Heink, ressuscitou ! Vai voltar a cantar !”
Passaram-se dez (10) anos.
Eu estou agora, com o jornal na minha mão.
Ali está a fotografia de madame. E ali está o panegírico da sua morte.
“Morreu, Ernestine Schumann-Heink ! Morreu, como sempre viveu, cantando !”
Ela estava no espetáculo público, e no momento em que terminou, ovacionada pela multidão, ela levou a mão ao peito, e deu um grito.
Foi fulminada por um enfarte do miocárdio.
Morreu como viveu, mas a voz da Calhandra de Deus, não se calará jamais !
Então Deus disse : - “ Vai, Elizabeth Gladich, e toca !
Vai, Ernestine, e canta !”
E disse-nos a cada um de nós : - “ Vai tu, e ama ! Vai tu, e serve ! Vai tu, e ajuda ! Vai tu, e toca os enfermos para que se reabilitem ! Sê tu o instrumento, por cuja voz, falem as Vozes da Imortalidade ! Seja tua, a palavra que liberta ! Que em tuas mãos, durmam os instrumentos da ação dignificante ! “
Somos todos “ Calhandras de Deus “ e Jesus nos chamou, na Seara Espírita, para que fôssemos “A Calhandra”, que vai enxugar o suor do homem e o seu pranto, e onde quer que nós estejamos, não haja qualquer desencanto.
Agora, quando a obra material desta casa está na sua etapa final, cinqüenta (50) anos depois que as vozes vieram, chamar “ As Calhandras da Era Nova”, começam os grandes desafios.
Período de luta, que por certo ainda não passaram; de testemunhos; de abandonos!
Falava-me a pouco, o venerando fundador da casa, que nos dias de dificuldade, há muitos anos atrás, há mais de quarenta, quando a casa passava pela necessidade de ser transferida, de um para outro lugar, porque o proprietário do prédio pequenino, que a alugava, era de orientação evangélica, e não queria mais o centro, um mentor espiritual veio, e disse : - “ Porque, diante do testemunho, sempre fracassais ?! Toda vez que se anuncia a prova, afastai-vos dela ?! “
Então, é necessário que o testemunho nos caracterize.
As nossas condecorações não são os títulos nobiliárquicos, nem de cidadania.
Eles servem como adorno, para chamar a atenção do mundo.
As condecorações dos cristãos, são as chagas ocultas, por detrás dos tecidos, que ninguém vê; são as feridas cicatrizadas ; as renúncias, guardadas por detrás de um sorriso jovial.
Enquanto não implantármos Jesus, dentro de nós, seremos apenas adeptos, como assinalou Allan Kardec, simpatizantes, mas não seremos verdadeiramente espíritas !
Muita gente diz : - “ Nestes dias, não podemos dar o testemunho ! “
Como não ? !
A esposa ingrata, o filho rebelde, o marido cruel, não serão as feras da arena
romana ?!
Antes, a arena estava circunscrita no circo máximo, no Coliseu, ou no circo de cada cidade, hoje a Terra, e as feras não estão longe, estão dentro de nós; são os nossos instintos agressivos, as nossas paixões !
É necessário ultrapassar o limite, e sobreviver à agressividade destes destruidores dos nossos ideais.
Ser Espírita hoje, é muito difícil !
Porque é utilizar o Cristianismo em nossos atos, com a mente colocada na esperança do nosso porvir, e não nos aplausos do nosso existir.
Não que devamos renunciar as nossas pequenas alegrias, mas elas são subsídios para as nossas grandes dores, que todos passaremos, sem exceção.
Então, por isso, o espiritismo veio para nós, os doentes mais doentes.
Quantas vezes dizemos : - “ Deus meu, porque os Espíritas são tão briguentos, são tão rijentos, são tão exigentes ?! Porque são tão duros no cumprimento dos regulamentos ?! “
Porque, o melhor remédio, para o pior doente ; o melhor terapeuta, para o paciente mais problematizado.
Porque o Espiritismo, para nós, é a última chance !
Não somos cristãos pela primeira vez .
Já atravessamos estes caminhos ontém, envergando indumentárias de luxo e de ostentação.
Essa estrada já nos é muito conhecida, e nós a palmilhamos com a avareza, com a presunção, e a prepotência.
Renascemos nela, para nos despojarmos das coisas de dentro.
Quanta gente renuncia a uma fortuna, mas não renuncia a um ponto de vista !
Muita gente diz assim : - “ Eu cedo qualquer coisa, porque eu faço a caridade ; mas ninguém tente, fazer de mim capacho, porque eu não sirvo de tapete, para ninguém pisar.”
É necessário esse despojamento interior.
Não há uma outra mensagem agora, se não aquela velha mensagem da tolerância, da compaixão !
Certo dia, eu perguntei ao Dr. Bezerra de Menezes : - “ Quando o senhor ver, as pessoas aflitas na reunião, todas querendo soluções imediatas, o que é que o senhor sente, Dr. Bezerra ?! “
Ele disse : - “ Jesus olhava a multidão, e sentia compaixão! Eu sinto piedade, das pessoas estarem lutando por quinquilharias, quando uma só coisa é importante, que é a paz interior ! Eu sinto compaixão ! “
Então, é esse sentimento, que no Budismo, tem um sentido muito profundo : - Com Paixão ! Com devotamento ! Com entrega ! E com piedade !
A compaixão, para o Dalai-lama, é esse trabalho, em que nós esquecemos de tudo, para faze-lo apaixonadamente e apiedadamente, com aqueles que não nos compreendem.
Esquecermos todo o mal, está dizendo Dr. Bezerra, para nos lembrarmos apenas, de todo o bem .
Termos a visão, de retirar a trave do olho, e esquecer o argueiro, na vista do próximo, compreendendo, que nós somos servos, e que a nossa honra resiste, ou consiste, em nos desobrigarmos, da nossa administração.
Ela nos é concedida, ela nos será retirada !
Então, se pudéssemos dizer, em nome dos benfeitores que aqui estão conosco, algo de novo, para os trabalhadores da casa, no próximo cinqüentenário, nesse dealbar de um novo meio século, que agora começa, nós repetiríamos, a mesma mensagem do primeiro dia, na hora da fundação : - “ Que vos ameis, uns aos outros, não desejando ao vosso irmão, aquilo que não desejais para vós próprios. Que sejais a Luz do mundo, para que todos, vendo-vos em claridade, saibam, que sois portadores da Luz. E, que vos ameis de tal forma, que todos aqueles que vos identifiquem, possam dizer : - São meus discípulos bem-amados ! “
Então, enxuguemos o nosso pranto, consolemos a nossa amargura, e bendigamos a oportunidade ditosa, de sermos nós, os que sofremos.
Porque é comum, pedirmos pelos que choram ; pedirmos pelos que passam fome ; orarmos pelos doentes ; rogarmos pelos infelizes.
Mas hoje, vamos inverter a ordem, e vamos dizer :
- “ Senhor ! Nós não te suplicamos pelos desesperados, nós Te pedimos por aqueles que promovem o desespero .
Não te rogamos pelos que choram, mas pelos infelizes que são responsáveis pelas lágrimas.
Não rogamos ajuda pelos que passam fome, mas pelos abastados que são fomentadores da miséria sócio-econômica.
Não intercedemos em favor dos enfermos, mas nós intercedemos pelos que jogam fora a saúde, e são impiedosos para com os doentes.
Não estamos aqui, exorando pelos perseguidos, pelos caluniados, mas estamos interferindo pelos caluniadores, pelos impiedosos.
Eles sim, são verdadeiramente os infelizes, porque perderam o endereço de Deus e o contacto com a consciência.
Mas os outros não, estão resgatando, e toda dívida tem um ponto terminal.
Apieda-te dos fomentadores da miséria, e consola os que estão chorando, no teu regaço, procurando a paz !
E em Teu próprio nome de amor, abençoa esta casa, os que aqui mourejam, os que pretendem ir adiante, os que se te entregam em regime de silêncio e de abnegação, para que nas suas vozes caladas, possamos todos ouvir a Tua Voz, ao invés dos que fazem tumulto, para apagar a mensagem da Tua Palavra.
Senhor, fica conosco, e dá-nos a Tua Paz !"