Vou postar hoje um artigo (adaptado) que escrevi sobre como a engenharia de alimentos se integra ao grupo dos elementos modificadores do meio. Sinceramente espero que ele provoque reflexões, discussões e talvez um acréscimo nos conhecimentos pesssoais de cada um. Um forte abraço a todos e boa leitura!
Resumo
A influência e disponibilidade dos alimentos definem os trâmites da humanidade. Os fatores que influenciam na manutenção das desigualdades sociais são: nutrientes, educação e poder de compra. A engenharia de alimentos atua como agente transformador da mobilidade social vigente.
Palavras-chave: Fome, nutrientes, industrialização, desigualdade, poder, alimentos.
1 Introdução
A contribuição do engenheiro de alimentos na pesquisa de novos produtos é essencial para a pluralidade dos mesmos. Além disso, sua área de atuação está em franca expansão conferindo a possibilidade de ocupação de diversos segmentos do ramo industrial. O aprimoramento da ética profissional beneficia a categoria e aperfeiçoa a transparência de suas atividades inspirando respeito e confiança. Sua relação com a sociedade introduz melhorias na educação pela troca de informações técnicas e campanhas de amparo aos necessitados.
2 Desenvolvimento
2.1 O engenheiro e a produção de alimentos
No período de nomadismo da humanidade a oferta de alimentos de um determinado local era temporária e reduzida, em virtude do desconhecimento total do processo de produção e armazenamento dos mesmos, exaurindo sua oferta natural. A descoberta da agricultura e o domínio de técnicas rudimentares de produção provocaram a sedentarização dos povos nômades e o conceito de agricultura de subsistência. O cultivo de alimentos era realizado pelos integrantes dos genos e suas tarefas distribuídas entre seus membros. Ocasionalmente a produção de alimentos era maior que o consumo, definindo o que chamamos de excedente de produção. Com a produção agrícola pouco diversificada, alguns grupos familiares passaram a trocar excedentes entre si, caracterizando o escambo, obtendo uma maior variedade dos gêneros e dinamizando sua circulação. Essa corrente de pensamento foi difundida de tal forma que a agricultura passou a ser direcionada a produção de excedentes e não apenas para subsistência, o que mais tarde deu início ao comércio.
Desde então, a preocupação com o tempo de vida útil dos alimentos se apresentou intrínseca as necessidades econômicas. Podemos considerar como os “primeiros engenheiros de alimentos” aqueles que buscaram melhorias nas técnicas de produção com a finalidade de reduzir os desperdícios, e técnicas de conservação que prolongassem por mais tempo o frescor dos alimentos.
Em tempos atuais o engenheiro de alimentos tem um papel inovador na pesquisa, elaboração e produção de alimentos. Ele é responsável pela promoção do padrão de qualidade empregado nos processos; desenvolvimento de produtos e tecnologias voltados à expansão; atendimento e conquista de novos mercados consumidores; em prolongar o tempo de vida útil dos alimentos após sua industrialização, preservando suas características organolépticas, e todas as atividades relacionadas à industrialização alimentar.
2.4 Os alimentos, a sociedade e a fome no mundo.
A produção de alimentos tem crescido em um percentual significativo ao longo dos anos, superando as metas de produtividade por hectare. Isto se deve ao largo emprego da mecanização nas lavouras. Sua produção em ritmo atual teria condições de erradicar com a fome no mundo.
No entanto, a desigualdade social é um poderoso fator limitante na consecução deste ato. Tem acesso a farta disponibilidade de alimentos, os países que possuem um bom poder de compra. Em alguns casos o território desses países não teria capacidade de produzir a quantidade de alimentos que sua população consome. Um exemplo prático seria uma analogia entre a África e Mônaco, pois a África possui um território de grandes proporções, tem capacidade de produção, mas a maioria esmagadora das pessoas que vivem lá passam fome e são subnutridas, enquanto em Mônaco, que é um mini-estado sua população não passa fome devido ao seu poder de compra.
O quesito educação é fundamental para entendermos alguns fatos cotidianos. Em países pouco desenvolvidos o desperdício de alimentos onera significativamente os cidadãos. Pois se o índice de aproveitamento fosse elevado, a procura por quantidades de um mesmo gênero alimentício cairia, ocasionando deflação. Calcula-se que o consumo anual de alimentos no mundo é de 375 milhões de toneladas e a maior parte dele provém das plantas. Se considerar que 10% destes alimentos são vegetais consumidos in natura e que outros 10% destes vegetais são de folhas e talos aproveitáveis na alimentação e são jogados fora, tem-se um desperdício de quase quatro milhões de toneladas de alimentos. O desperdício se dá em todas as fases da produção de alimentos, desde o seu plantio e colheita, até o consumidor final.
Calcula-se que hoje, no Brasil, 20% de toda a sua produção agrícola se perde durante a colheita e que outro tanto durante o transporte ou devido a embalagens inadequadas. Esta perda só não se compara aos países do primeiro mundo, onde ela é menor, mas há países que perdem até 70% de sua produção devido a causas diversas. Tudo isso determina a incineração de milhares de toneladas de alimentos devido à sua má conservação, deterioração ou contaminação por agrotóxicos.
Outro fato que se deve destacar em relação ao Brasil é o de que existe uma lei que não permite que restaurantes distribuam as sobras de alimentos. Não aqueles que sobraram nos pratos, mas os não-consumidos. Se isso fosse permitido, algumas toneladas de alimentos de boa qualidade e já preparados poderiam ser distribuídas entre as camadas mais pobres da sociedade.
As estimativas mundiais atuais indicam que:
1.Cerca de 24.000 pessoas morrem diariamente devido à fome, ou a causas relacionadas com a ela. Este número diminuiu de 35.000, há dez anos, e de 41.000, há vinte anos.
2. Atualmente, 10% das crianças dos países em desenvolvimento morrem antes dos cinco anos. Há cinqüenta anos, esta percentagem era de 28%.
3. A escassez de alimentos e as guerras são responsáveis por apenas 10% das mortes devido à fome embora sejam estas, normalmente, as causas apontadas mais freqüentemente. A maior parte das mortes por fome é provocada pela desnutrição crônica. As famílias simplesmente não conseguem obter comida suficiente.
4. Além da morte, a desnutrição crônica também provoca a diminuição da visão, a apatia, a atrofia do crescimento e aumenta consideravelmente a susceptibilidade às doenças. As pessoas que sofrem de desnutrição grave ficam incapacitadas de funções até mesmo a um nível mais básico.
5 Segundo as estimativas, cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de fome e subnutrição, cerca de 100 vezes mais do que as que morrem anualmente em conseqüência dela.
6. Muitas vezes, são necessários apenas alguns recursos simples para que os povos empobrecidos tenham capacidade de produzir alimentos bastantes para se tomarem auto-suficientes. Estes recursos incluem sementes de boa qualidade, ferramentas adequadas e o acesso à água. Pequenas melhorias nas técnicas de cultivo e nos métodos de armazenamento de alimentos também são úteis.
7. Muitos peritos nas questões da fome acreditam que, fundamentalmente melhor maneira de reduzir a fome é através da educação. As pessoas instruídas têm uma maior capacidade para sair deste ciclo de pobreza que provoca a fome (SILVA PRIM, 2006).
Conclusão
O engenheiro de alimentos pode contribuir de forma positiva na relação entre a fome, a sociedade e a produção de alimentos. Por meio de parcerias com algumas empresas do ramo de alimentos, ele pode desenvolver uma linha de produtos industrializados enriquecidos com vitaminas e minerais, tendo como matéria-prima cascas de frutas, talos e folhas de vegetais aproveitáveis. Com embalagens econômicas seria possível baixar o custo de produção e difundi-lo nas áreas mais pobres do planeta, como por exemplo, o continente africano. Esse procedimento seria muito proveitoso, pois conscientizaria a sociedade de que a distribuição de renda faz-se necessária para a equiparação do poder de compra das nações e um livre acesso aos alimentos.
REFERÊNCIAS
Silva Prim
http://users.matrix.com.br/mariabene/desperdiciodealimentos.htm#(%20*%20)
Acesso em: 26 de junho de 2006
Associação Brasileira de Engenheiros de Alimentos.
http://www.abea.com.br/ Acesso em: 11 de junho de 2006
Guia do profissional da engenharia, da arquitetura e da agronomia para a aplicação do código de ética. Resolução CONFEA 205
http://www.fea.unicamp.br/ensino/graduacao/o_eng_alimentos/guia.htm Acesso em: 26 de junho de 2006